sábado, 23 de janeiro de 2016

“Senhorita Andreza” é presa


Huanderson Ferreira Ramos, Andreza Castro de Sousa e Robson da Silva PenicheHuanderson Ferreira Ramos, Andreza Castro de Sousa e Robson da Silva Peniche
A“senhorita Andreza”, personagem de um vídeo que virou piada nas redes sociais por causa de um convite para uma festa que teria sexo, drogas e bebidas, foi presa na manhã de ontem, com dois homens, no bairro da Cabanagem. O nome dela é Andreza Castro de Sousa, de 20 anos, e um dos homens presos é o marido dela, Huanderson Ferreira Ramos, de 24 anos, com quem tem uma filha de dois anos. O outro preso é Robson da Silva Peniche, de 23 anos. Eles foram capturados numa ação conjunta das polícias Civil e Militar que estava monitorando os dois rapazes. Andreza disse que não havia festa e que o vídeo foi gravado há mais de quatro meses.
O vídeo começou a circular na semana passada. Andreza conta que ele foi uma piada de um grupo do WhatsApp do qual faz parte. “Tudo foi uma brincadeira e saiu do controle. Gravei de zoeira mesmo e alguém compartilhou, mas eu mesma já não tinha esse vídeo faz tempo. Aí já me disseram que eu estava famosa, circulando na internet. Nunca pensei que teria essa onda toda. Agora tenho mais de três mil amigos no Facebook e recebo mais de 500 solicitações de amizade por dia”. O argumento não chegou a convencer os policiais, mas nenhum indício da festa foi encontrado.
Em casa, Andreza atuava, ilegalmente, como dentista, pois colocava aparelhos ortodônticos e fazia manutenção. Na casa onde mora com Huanderson foram encontrados diversos equipamentos para essa atividade. Ela reconheceu que fazia manutenção de aparelhos por R$ 10,00. “Isso é fácil. Trocar a liga, apertar, isso qualquer um faz. Só aplicar que não fazia. Eu tenho aparelho e eu mesma faço em mim”, disse. O material foi comprado numa loja da Cidade Nova 6, em Ananindeua. “Foi fácil comprar. Não pediram nada de documento. Qualquer um compra lá”, destacou. Andreza não tinha antecedentes criminais. A filha dela foi entregue à avó. Andreza trabalha como manicure num salão e estuda pelo Projovem.
Na casa de Andreza e Huanderson os policiais encontraram também 34 papelotes de maconha, quatro munições intactas (duas de calibre 38 e duas de calibre 32), cinco celulares e várias joias, além de bolsas e carteiras. De acordo com o delegado Ricardo do Rosário, diretor da Divisão de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), o material é produto de vários roubos feitos por Huanderson.
Huanderson, também conhecido como “Anjinho”, é suspeito de aproximadamente 90 roubos, apontam os policiais civis da DRFR. Ele aproveitava os engarrafamentos na avenida Independência e na rodovia Augusto Montenegro para assaltar condutores de motos e carros e, algumas vezes, roubava os veículos também. Ele já era procurado pelas polícias Civil e Militar, por causa da ligação com roubos e tráfico de drogas. Nas redes sociais, ele costumava posar para fotos com armas, ao lado de Andreza. O rapaz preferiu ficar calado.
“Matei e, se vivesse de novo, matava de novo”
Robson Peniche, conhecido como “Robinho”, já havia sido preso três vezes por porte ilegal de arma, organização criminosa, roubo e homicídio. Na DRFR, ele confessou o assassinato de um rapaz conhecido como “Piolho”, ocorrido há um mês. “Matei! Matei mesmo! Matei e, se vivesse de novo, matava de novo!”, disse. O rapaz é vizinho de Andreza e Huanderson e, na casa dele, foram encontrados 26 papelotes de maconha. “Robinho” chorava por causa da prisão e Andreza enxugava as lágrimas dele com o blusão que vestia.
Ricardo do Rosário autuou Andreza por tráfico, apologia ao tráfico e exercício ilegal da profissão de dentista. Huanderson foi autuado por tráfico, porte ilegal de munição e roubo. Robson foi autuado por tráfico, sendo que o homicídio confessado será encaminhado para a Divisão de Homicídios. “Esperamos que com a divulgação das imagens deles, vítimas possam reconhecê-los e venham prestar queixa”, concluiu o delegado.
Popularidade da criminosa chama atenção e gera polêmica
Pouco depois da prisão de Andreza já circulavam pelo Facebook, Twitter e WhatsApp vídeos feitos pelos policiais civis e militares que participaram da operação. Num deles, o policial obriga Andreza a “cancelar a social” que era anunciada no vídeo original. Mesmo não sendo obrigada a falar, ela acabou aceitando a gravação como uma grande brincadeira, pois ria enquanto fazia uma versão do vídeo original.
Aproveitando um dos vídeos, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) fez uma publicação no Facebook que gerou polêmica sobre a “espetacularização” a respeito da prisão da jovem. A publicação recebeu várias críticas de jornalistas e de pessoas ligadas à defesa dos direitos humanos.
A todo momento, na DRFR, os policiais faziam selfies com Andreza e pediam para gravar áudios e mensagens, um comportamento inadequado para os servidores. Mesmo sem concordar com esse comportamento, o major Kleverton Firmino, comandante da Companhia de Operações Especiais (COE), disse que a popularidade de Andreza era inegável, pois quem a via na picape da polícia a cumprimentava.
“Infelizmente ainda temos muitas Andrezas por aí que acham que um vídeo daqueles é brincadeira e faz apologia às drogas e ao crime. Só foi graças às pessoas que não compactuam com essas coisas que conseguimos chegar ao Huanderson, ao Robson e a ela, porque até então não tínhamos uma ligação entre eles e ela. Chegamos com força total, com doze policiais, e não resistiram à prisão. Mas por onde passávamos as pessoas falavam com ela, tiravam fotos, brincavam com a história da festa, enfim, seria cômico se não fosse trágico”, comentou o major. (Pararijos NEWS)

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