quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Dilma garantiu cargos a Collor


O ex-diretor da área Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava-Jato, declarou à Procuradoria-Geral da República que o senador Fernando Collor (PTB-AL) lhe disse, em setembro de 2013, que a presidente Dilma Rousseff havia garantido ao parlamentar que "estavam à disposição" dele, Collor, a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora.
Em depoimento prestado no dia 7 de dezembro de 2015, Cerveró relatou os bastidores das indicações para cargos estratégicos na Petrobras, principalmente na BR Distribuidora, apontada pelos investigadores como "cota" pessoal do ex-presidente Collor (1990/1992).
Em um trecho de seu relato, Cerveró citou duas vezes a presidente Dilma: "Fernando Collor de Mello disse que havia falado com a Presidente da República, Dilma Rousseff, a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor de Mello a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora. Fernando Collor de Mello disse que não tinha interesse em mexer na presidência, e nas diretorias da BR Distribuidora de indicação do PT", declarou o ex-diretor, condenado na Lava-Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Cerveró disse ter ouvido o relato de Collor sobre suposto encontro com Dilma durante uma reunião em Brasília, que teria ocorrido, segundo o delator, em setembro de 2013. Na ocasião, Cerveró estava empenhado em se manter no cargo de diretor Financeiro e Serviços da BR Distribuidora. Ele disse que Pedro Paulo Leoni o chamou para uma reunião com Collor na Casa da Dinda, residência do ex-presidente.
Segundo o ex-diretor, Collor disse na reunião "que não tinha interesse em mexer na presidência e nas diretorias da BR Distribuidora". Cerveró afirmou que tais nomes eram indicação do PT – presidente José de Lima Andrade Neto; diretor de Mercado Consumidor Andurte de Barros Duarte Filho e ele próprio, como diretor Financeiro e de Serviços.
O ex-diretor da Petrobras afirmou que "ironicamente agradeceu" a Collor por ter sido mantido na BR e citou um ex-ministro de Collor na Presidência, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP. "Depois, (Pedro Paulo Leoni) disse ao declarante que Fernando Collor havia ficado chateado com a ironia do declarante, uma vez que pareceu que o declarante estava duvidando de que Fernando Collor de Mello havia falado com Dilma Rousseff. Nessa ocasião, o declarante percebeu que Fernando Collor realmente tinha o controle de toda a BR Distribuidora".
A reportagem não conseguiu falar com Collor sobre o assunto. Em outra ocasião, na qual seu nome foi ligado à BR Distribuidora, o ex-presidente negou enfaticamente "ter exercido qualquer ingerência - muito menos pressão - sobre a Petrobras ou sua subsidiária BR Distribuidora". A assessoria do Planalto informou que não iria comentar o assunto.
BARBALHO
Em dezembro, Nestor Cerveró, acusou, em depoimento, vários senadores de receber propina, entre eles Jader Barbalho (PMDB-PA). À época, o Jornal Hoje teve acesso a trechos da delação premiada do delator. Num depoimento, Cerveró disse que ele e o senador Delcídio do Amaral, afastado do PT, depois de ser preso, receberam propina num contrato da Petrobras. Foi durante o governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Na época, Delcídio era diretor de gás e energia da estatal e Cerveró, gerente dessa área. As informações são da Agência O Globo.
O repasse de propina continuou nos anos seguintes, segundo Cerveró. Ele assumiu a diretoria internacional, em 2003, já no governo Lula. Na delação ele afirmou que a compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos rendeu propina a políticos.
Para a força-tarefa da Lava Jato, Cerveró disse que assumiu o compromisso de repassar US$ 2,5 milhões para a campanha de Delcídio do Amaral ao governo do Mato Grosso do Sul, em 2006. Cerveró falou que na época, precisou de ajuda do PMDB para se manter no cargo de diretor da Petrobras.
Segundo ele, tudo foi acertado num jantar na casa de Jader, onde também estava o presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas. Cerveró afirmou que no encontro, se comprometeu a repassar US$ 6 milhões para políticos do PMDB. O dinheiro viria de contratos da Petrobras para a compra de navios-sonda.
Segundo Cerveró, num novo jantar na casa de Jader Barbalho, depois de receber o dinheiro, o senador do Pará afirmou: "quero agradecer pelo senhor cumprir seu compromisso, agora cabe a nós apoiá-lo para mantê-lo no cargo". Nestor Cerveró foi preso em janeiro de 2015. Ele já foi condenado a 17 anos de prisão e com o acordo quer reduzir a pena.
O senador Renan Calheiros negou a acusação e reitera que suas relações com empresas públicas ou privadas nunca ultrapassaram os limites institucionais. A defesa do senador Delcídio do Amaral não quis se manifestar. A equipe do Jornal Hoje não conseguiu contato com o senador Jáder Barbalho. (Pararijos NEWS)

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