quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Corpo é enterrado no quintal


A cabeleireira Josi Cleice Rodrigues da Costa, de 36 anos, foi indiciada ontem pelo homicídio e pela ocultação do cadáver do próprio marido, Alexandre dos Reis, de 40 anos, conhecido como “Carioca”. Ele estava desaparecido havia seis meses e graças a uma denúncia anônima foi encontrado na tarde de ontem, enterrado no quintal da residência do casal, localizada na passagem Nazareno, no Jaderlândia. Josi responderá ao processo em liberdade. Uma arma e um terçado foram apreendidos no imóvel.
A descoberta do cadáver no quintal não surpreendeu os vizinhos do casal, que descrevem Josi como agressiva e antissocial. “Ela mora aqui desde criança. Lembro dela do tempo que frequentava a igreja, mas ela sempre foi uma pessoa que outros detestavam. Não estou surpresa com isso, eu tinha certeza que esse homem não tinha saído de casa. Eu e outros vizinhos ouvimos de manhã cedo os gritos dele por socorro. Faz muito tempo e depois disso ele nunca mais foi visto”, disse a dona de casa Mara Rúbia, que mora ao lado do imóvel onde os crimes ocorreram.
Outros vizinhos forneceram informações semelhantes à polícia. Três meses após o desaparecimento alguns policiais estiveram na casa, mas nada foi encontrado. Ontem, uma equipe de policiais civis e miliares da delegacia do Jaderlândia retornou ao local para apurar a denúncia de que o corpo estava escondido no quintal. Josi apontou o local onde o cadáver estava e o Corpo de Bombeiros foi acionado para perfurar o piso de concreto. De acordo com o tenente Bruno Reimão, o trabalho era complexo, porque a equipe não poderia danificar o corpo da vítima. “Tinha cerca de 30 centímetros de concreto acima dele. O corpo já estava em avançado estado de decomposição, mas nenhuma parte do corpo foi desmembrada, ele estava inteiro”, afirmou.
Uma equipe de peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves foi acionada para analisar o local do crime. O perito Jadir Ataíde contou que a cova tinha 42 centímetros de profundidade e foi fechada com uma espessa camada de concreto. “O terreno é arenoso e o calcário contribui para certa conservação do corpo, mas somente por meio do exame de DNA será possível confirmar que a vítima é de fato a pessoa que está desaparecida. Vamos radiografar totalmente o corpo para tentar identificar se há alguma fratura e assim tentar descobrir as causas da morte”, explicou.
Acusada afirma que a vítima teve uma overdose e morreu em abril
Josi da Costa confirmou que o corpo enterrado no quintal era de Alexandre dos Reis, mas ela nega que tenha matado o marido. Segundo a acusada, Alexandre, que era natural do Rio de Janeiro, usava drogas e era violento. O relacionamento deles sempre foi conturbado e marcado por brigas. A cabeleireira disse que “Carioca” teve uma overdose e morreu na manhã de 20 de abril. “Ele fazia tratamento no Hospital das Clínicas, mas misturava tudo, os medicamentos com a droga. Ele saiu de casa à noite para beber e quando acordei já encontrei ele morto. Me desesperei e decidi enterrar para não assustar os meus filhos. Uma das crianças, de 10 anos, é filha dele. Eu não o matei. Se coloque no meu lugar. Essa foi a manhã mais horrível da minha vida”, disse Josi.
Em depoimento à polícia, a mulher também alegou inocência. Entretanto, a delegada Rosalina Arraes, da delegacia do Jaderlândia, indiciou Josi por homicídio e ocultação de cadáver. “No meu entendimento ela cometeu esse crime, mas somente a Justiça pode desqualificar ou não. Inicialmente, ela vai responder ao processo em liberdade. Vamos aguardar o laudo do IML (Instituto Médico Legal) sobre as causas da morte”, explicou a delegada.
O pedreiro que fez o piso de concreto que ocultava o corpo de Alexandre foi identificado e também prestou depoimento na tarde de ontem. De acordo com Sidney Martins, cinco sacas de cimento foram usadas. “Ela me contratou. Já tem alguns meses, não sei dizer quanto tempo faz. Pediu para fazer o piso e eu fui fazer. Não percebi nada de errado, até porque quando sou contratado não fico perguntando para os clientes detalhes do que tem na casa. Fiz o trabalho em um dia apenas e depois disso nunca mais tive contato”, disse a testemunha.
Os vizinhos afirmaram que Josi não se mostrou preocupada com o desaparecimento do marido. Como cabeleireira, ela continuava recebendo as clientes em casa. Uma cliente, que prefere não se identificar, diz que Josi confirmou que o marido estava morto. “Eu perguntei para ela se o boato que circulava no bairro era verdade. Ela me disse que o marido estava morto sim, mas tinha sido assassinado no Rio, que os vizinhos estavam loucos de dizer que ele estava no quintal”. (Pararijos NEWS)

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